A invasão britânica de Madagascar, denominada Operação Ironclad, teve início em 5 de maio de 1942, com o desembarque de tropas britânicas e sul-africanas na região norte da ilha, especialmente em torno do porto de Diego Suárez (atualmente Antsiranana), considerado de enorme importância estratégica devido à sua posição geográfica e infraestrutura naval. A força expedicionária britânica era composta por aproximadamente 16.000 homens, oriundos do Reino Unido, África do Sul, Rodésia e outros territórios coloniais britânicos. A operação contou com o apoio da Força-Tarefa 44, sob o comando do almirante Edward Syfret, composta por:1 porta-aviões (HMS Illustrious), 2 encouraçados (HMS Ramillies e HMS Resolution), 5 cruzadores, 11 destroieres e navios de desembarque e apoio logístico. As forças terrestres incluíram unidades blindadas com tanques Infantry Tank Mk II “Matilda”, empregados especialmente nos arredores de Diego Suárez. Embora sua mobilidade fosse limitada pelo terreno irregular da ilha, sua blindagem foi crucial para romper as defesas francesas locais. No ar, a operação contou com aviões embarcados como o Fairey Albacore, o Fairey Swordfish e o caça naval Sea Hurricane, que garantiram superioridade aérea aos britânicos durante os combates iniciais. Do lado francês, as forças defensoras eram muito mais limitadas: cerca de 8.000 soldados, incluindo tropas coloniais senegalesas e malgaxes, algumas unidades da marinha francesa e guarnições locais mal equipadas. 

Mapa do assalto

A operação começou com bombardeios aéreos e navais intensivos sobre Diego Suárez. Em 6 de maio, unidades de comando (como os Royal Marines) realizaram desembarques anfíbios nas praias próximas, enfrentando resistência, mas conseguindo avançar rapidamente. No dia seguinte, a cidade caiu em mãos britânicas. No entanto, os combates não terminaram ali.

Um Grumman Martlet da Fleet Air Arm voando sobre o HMS  Warspite durante as operações em Madagascar
Soldados aliados desembarcando de LCAs em Tamatave em maio de 1942

 Em um episódio surpreendente, dois mini-submarinos japoneses do tipo A, lançados de submarinos-mãe da Marinha Imperial Japonesa, conseguiram infiltrar-se na baía de Diego Suárez. Os mini-submarinos I-20 e I-16, comandadas no nível estratégico pelo capitão de fragata Yahachi Tanabe. Eles atingiram com sucesso o encouraçado HMS Ramillies e afundaram o petroleiro British Loyalty. Todos os tripulantes japoneses morreram na missão. O envolvimento japonês, embora pontual foi a única ação do Eixo em defesa indireta de Madagascar, mas insuficiente para mudar o rumo da batalha. 

Membros do grupo de ataque de submarinos de bolso da Marinha Imperial Japonesa , que incluía aqueles que realizaram os ataques a Diego-Suarez.

A partir de junho, as tropas britânicas expandiram sua presença pela ilha, enfrentando resistência esporádica por parte das forças francesas e da população local. O avanço foi lento, em parte devido à geografia montanhosa e à densa vegetação, em parte pela estratégia francesa de atrasar o progresso inimigo. A rendição final ocorreu em 6 de novembro de 1942, quando Armand Annet entregou formalmente a administração da ilha às forças britânicas. Madagascar permaneceria sob controle britânico até 1943, quando foi transferida para a administração da França Livre. A invasão de Madagascar representou a primeira grande operação anfíbia britânica desde a Primeira Guerra Mundial e serviu como laboratório para futuras campanhas. Ainda assim, permanece como um episódio pouco lembrado da Segunda Guerra Mundial, marcado por interesses coloniais, decisões preventivas baseadas em hipóteses e o uso de um território periférico como palco de confrontos entre impérios.

Negociações para a rendição de Diego-Suárez no quartel-general britânico na cidade